'Eu só pensava em tirar minha filha de lá', diz mãe de bebê levada para loja durante incêndio em hospital de Fortaleza
Miriam Vitória, filha de Silvana Pereira, é um dos bebês que foram transferidos após incêndio no Hospital César Cals, em Fortaleza.
Governo do Ceará/Reprodução
“Na hora, eu só pensava em tirar minha filha de lá”. Esse é o relato de Silvana Pereira, mãe de uma das crianças que estavam internadas no Hospital César Cals, em Fortaleza. A unidade sofreu um incêndio nesta quinta-feira (13). 117 bebês e 153 mulheres precisaram ser transferidos. Alguns deles — incluindo a filha de Silvana — foram atendidos de maneira improvisada em uma loja de um shopping popular ao lado do hospital.
Os bebês foram levados a algumas lojas que possuíam climatização. Depois, a pequena Miriam Vitória, que tem 20 dias de nascida, foi levada para o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM). No momento do incêndio, ela estava acompanhada dos pais, Silvana e Moisés Nascimento.
“Meu esposo conseguiu sair com ela nos braços. Uma comerciante me levou para a loja dela, que tinha ar-condicionado, e só voltamos quando tudo estava calmo”, diz a mãe.
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Miriam foi uma das três crianças levadas ao Hospital de Messejana, que é referência estadual em cardiologia pediátrica. A bebê nasceu com baixa oxigenação no sangue e estava em investigação diagnóstica.
Na tarde desta sexta-feira (14), os pais puderam reencontrar a filha e comemoraram aliviados. “Logo ela sairá da UTI e poderemos ficar mais tempo com ela. Agradecemos a assistência e o acolhimento dos profissionais do Hospital de Messejana, que desde o primeiro momento nos deram todo o suporte. Hoje ela já fez um ecocardiograma e estamos recebendo todas as informações da equipe”, disse a mãe.
Transferências
Após o incêndio, 117 bebês e 153 mulheres, entre gestantes e puérperas, foram transferidos do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC) para oito outras unidades de saúde estaduais e municipais.
Ainda na manhã desta sexta-feira, mães e familiares buscavam de informações sobre bebês que foram transferidos. A Secretaria da Saúde (Sesa) informou que a assistência social do hospital está atuando para fazer a ponte entre as famílias e os novos locais de internação dos bebês. A pasta acrescentou que todos os pacientes estão mapeados e sabe onde cada um se encontra.
A Sesa informou ainda que o Hospital Universitário do Ceará (HUC) recebeu, nesta quinta-feira, o maior número de pacientes. Foram 88 transferidos ao todo, sendo 38 gestantes, três puérperas e 47 bebês, que estão sendo acompanhados por uma equipe multiprofissional, composta por médicos especialistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, entre outros profissionais.
Maria Andrezza Nunes, moradora de Ocara, estava com o filho Ravi, que nasceu prematuro.
Governo do Ceará/Reprodução
Maria Andrezza Nunes, 19 anos, moradora de Ocara, no interior do Ceará, estava com o filho Ravi, que nasceu prematuro, com 29 semanas e, hoje, alcança 35 semanas sob os cuidados da equipe da unidade da HGCC.
Quando soube da notícia, ela correu para o hospital e acompanhou o pequeno Ravi na ambulância até o HUC.
“Quando vi meu filho, foi um alívio. Desde que chegamos aqui, estão cuidando muito bem de nós. Os profissionais são muito acolhedores”, relatou.
A unidade dispõe de leitos preparados para receber tanto gestantes de alto risco quanto recém-nascidos, inclusive prematuros, segundo a Secretaria da Saúde do Ceará. As equipes foram reforçadas com a chegada de profissionais do hospital César Cals para ampliar a cobertura assistencial.
Atendimento a bebês prematuros
O Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) recebeu seis bebês transferidos. O Hias tem capacidade para atender até 35 recém-nascidos nas unidades neonatais.
Um deles é Vinicius, de 15 dias. Ele recebeu, na tarde desta sexta-feira, a visita do pai, Rodrigo Arruda, 23 anos, morador de Paracuru, na região metropolitana de Fortaleza.
O pai precisou se deslocar com a esposa para realizar uma cesariana de emergência no César Cals. Agora eles seguem o tratamento no Hias. “Chegando aqui, contamos com o apoio dos profissionais de saúde, que foi fundamental. Estamos recebendo todo o suporte das equipes, isso tem sido muito importante porque a gente só quer ver nossos filhos bem, saudáveis e em casa”, relatou.
Já o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA) recebeu sete bebês transferidos. O equipamento, que possui capacidade para atender 24 recém-nascidos, dispõe de UTI Neonatal e leitos voltados para cuidados de médio risco.
Helena Maria, filha de Eveline Costa, nasceu com apenas 25 semanas e pesando 475 gramas.
Governo do Ceará/Reprodução
Entre os pequenos pacientes está Helena Maria, nascida com apenas 25 semanas e pesando 475 gramas. A mãe, Eveline Costa, moradora de Canindé, comentou que enfrentou uma gestação de risco devido a um quadro de pré-eclâmpsia.
“Foi uma gravidez e um parto de risco e a Helena era considerada um bebê grave, mas agora está ficando mais estável”, relatou.
Eveline relembrou quando recebeu a notícia da transferência. “Fui muito bem acolhida desde a recepção. Passei pelo Serviço Social, que me explicou como tudo funcionava, e as técnicas também me receberam muito bem. Agora estou mais tranquila; vou poder ficar mais perto dela pelo tempo que for necessário", disse.
Atendimento a gestantes
Sobre os serviços do Hospital César Cals, a Sesa informou que está adequando temporariamente o funcionamento da unidade, garantindo segurança e continuidade da assistência às gestantes e bebês nas unidades das redes públicas.
Gestantes de alto risco devem buscar atendimento na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) e no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Já as gestantes de baixo risco serão encaminhadas aos Gonzaguinhas de Messejana, José Walter e Barra do Ceará.
A Sesa argumentou que o redirecionamento é uma medida necessária para o restabelecimento seguro do funcionamento do HGCC. O hospital vai permanecer fechado por tempo indeterminado, segundo a secretária da Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho.
Outros 72 pacientes foram acolhidos pela rede municipal, distribuídos da seguinte forma: 21 no Hospital da Mulher e da Criança Zilda Arns Neumann (HMDZAN), 10 na Gonzaguinha da Barra do Ceará e 41 na Gonzaguinha de Messejana.
Novos leitos
Governo do Ceará anuncia abertura de 285 novos leitos obstétricos e neonatais em Fortaleza.
Divulgação/Secretaria da Saúde do Ceará
Um dia depois do incêndio, o Governo do Ceará anunciou que vai abrir 285 novos leitos obstétricos/neonatais. Do total, 185 leitos serão abertos no Hospital Universitário do Ceará (HUC). Os outros 100 leitos serão disponibilizados em parceria com a Prefeitura de Fortaleza. A estrutura vai atender as gestantes de alto risco e seus bebês.
O anúncio foi feito no Hospital Universitário do Ceará, onde o governador Elmano de Freitas (PT) visitou mães e crianças transferidas do Hospital César Cals.
“Todos os pacientes estão bem acolhidos e em segurança, o que é muito importante. Quero agradecer esse coração generoso do povo cearense que, nesse momento, foi absolutamente solidário com as famílias”, disse.
“Para as medidas que estamos anunciando aqui, temos recursos garantidos de R$ 28 milhões, do Governo Federal, para as ações que vamos realizar. Seja para parto habitual ou de alto risco, nós vamos garantir a essas mulheres um bom atendimento”, assegurou o governador Elmano de Freitas.
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